LAGARTIXAS. SAPOS. GATOS.
Estou aprendendo, já
tão ida nos anos, mas continuo aprendendo... Conviver e convivendo.
Comigo convivo há muito tempo e me entendo bem... nem
preciso mais de botões para poder falar comigo mesma...
Minha mente mantém reservas sobre fatos e atos e luto para
remexer conceitos e preconceitos.... Nem
sempre acerto ou consigo passar ilesa por toda esta miscelânea de sentimentos,
mas os domino... já aprendi esta parte desumana.
Interessante o que provocamos no outro.... às vezes uma admiração pura.... e às vezes
incompreensão, desconfiança, temeridade.
Verdade que o que vemos no outro é o que nos é comum e
aliado ao nosso “mundo “ interior e no anexo- exterior.
Deselegância imaginar que seremos prisioneiros do outro.
Nada vale nesta ideia, especialmente se for amizade, pois que pra ser amigo prescindimos
de engrandecimento, arrastar em si a
plenitude ainda que seja da simplicidade de ver e relacionar-se de outra forma
que não a nossa velha conhecida. Como fôssemos outros, por outros meios e formas.
Falar em amizade: custo em
aceitar amigos que querem me tomar para si... Por que? Não se bastam a
si mesmos? Será que amigos invejam? Será
que amigos conhecem limites? Limites pessoais são para todos e serão amigos,
aqueles que os respeitar. Não somos de
ninguém...
Aliás, nem a mim mesma me pertenço...
Mas,por outro lado ofereço sinceridade e dignidade. Isto dói
às vezes a quem tenha carências de afeto, mas não vou sacrificar a minha liberdade pessoal ainda que firas egos sensíveis.
Minha essência não mudará, porque se mudar me acabará e se assim for me
extinguirei... e eu não consigo acabar comigo mesma... Então continuarei a amar
os sapos, os gatos, os pássaros.... e a olhar os edifícios e vidraças
empoeiradas, sempre admirada, o por do
sol, o cão que vaga pela rua, os chinelos velhos, as revistas antigas, a louça
trincada, a chaleira esfumaçando, o pote de café, a calçada rachada, as folhas
secas, a chuva fina, o portão rangendo, a bananeira, o portão enferrujado, o
carro velho, as crianças sem saber onde ir, a moça entediada, a velha feliz, o
amor nascendo, o bebe rechonchudo, as roupas apertadas, o botijão de gás, os homens de bermudão, horríveis, as noivas
grávidas, uma Ferrari que passa, quase nave espacial, ah, a nave espacial, e a Lua, todos sob o
sol.. lá longe o mar e as gaivotas. Sim, golfinhos e baleias. E mais,
formigas, baratas, congestão, milho
verde, doce, tanto... tanto....tanto mais...... Como acabar-me?
Amiga e amigo: nem tente me prender.... Sou
eu, lembra-se? E não te prendo também...
porque ser humano é isto antes de mais nada? Amar a liberdade do outro e sua
grandeza de ser o que seja....
Lagartixas pra voce!
Pena que carências nos tornem vulneráveis, mas só às vezes.
Vá.
Voe com suas lagartixas pra longe.... mas, se quiser,
deixe-as comigo, ficarei bem com elas...
Até breve, mas volte só se tiver vontade adulta de ir e
vir.... porque adoro crianças, mas não estamos no momento de agir como tal....
já, como dito, idos na idade, agora temos que ser crianças adultas.
Vá agora.
Bah!
M.A. Genebra
31.5.2013
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