Pesquisar este blog

Razão e Emoção

Não
há porque não haver razão e emoção.

Viver exige compreensão e o
constante
extravasamento de nossos

sentimentos e a busca de nosso
equilibrio, ainda
que seja no desequilibrio, na queda, no
titubeio.

Sentimentos não se
excluem, mas se complementam.

Não
se repulsam, mas se
temperam.

M.A. Genebra 2010

domingo, 2 de junho de 2013


 
O sapo e a galinha                                                     01.06.2013

 

O sapo e a galinha se encontraram  numa tarde chuvosa e quente bem perto do lago enorme e desértico

 Cisca aqui, coacha ali, e entrosaram uma conversa...

O Sapo: E ai madame, o que faz por estas bandas?

A Galinha: Estou procurando um alimento fresquinho.

Ando meio enjoada daquele milho velho e mofado...

O Sapo: Vai achar, tem minhoquinhas por aqui, ali mais adiante, próximo à margem.

A Galinha: Obrigada, vou até lá.

O Sapo: Apareça mais vezes.

 

Naquela noite o sapo coachou forte e emocionado e pensou na galinha.

A Galinha, no galinheiro, ficou quentinha no poleiro e com a barriguinha cheia depois de ter se fartado na beira do lago. Pensou no sapo.

Ela voltou e o Sapo a pediu  em casamento. Sem mais nem menos. Ela aceitou.

Casaram, apesar dos contras e dos à favor.

Com a cerimônia encerrada começaram a vida sem saber como se adaptarem um ao outro.

O Sapo não foi para o poleiro e a Galinha não foi para o lago.

Ficou algo estranho.

Passados três meses destes desacertos.. o Sapo chamou a Galinha na conversa:

 

S: Ô Galinha!

G: Que é Sapo?

S: Você sabe que você é uma Galinha!

G: E você é um Sapo!

S: É,  mas você é uma Galinha.

G: E você, daqueles bem Sapo mesmo.

S: E daí que sou um sapo destes daí que você está falando, você soube disto desde o primeiro dia em que apareceu  lá às margens do lago...

G: Assim como você sabia que eu era uma galinha de poleiro, ora! Sabendo disto por que  me convidou a voltar? Você soube o tempo todo que eu era uma Galinha de estirpe!

S: Te convidei porque sou um  Sapo e como sapo não iria perder tempo...

G: Está vendo como você um sapo destes daí...

S: Destes daí como?

G: Ah esqueça, você é um sapo e pronto e já vi melhores!

S:  O quer está pensando Galinha, assim me ofendes!

G: Se falar de novo vou me embora pro meu poleiro que ainda está arrumadinho lá no galinheiro...  Seu sapo desnaturado! Não tem coração não?

S:  Ah, vocês sempre apelam,  mas bem que você gosta quando te chamo de “Minha galinhinha”...

G: Não vem não seu Sapo ... tá mudando o rumo da conversa porque não tem pra onde correr... quero dizer: pular.

S: Mas é ou não é verdade? Você gosta mesmo!

G: Gostava.

S:  Tem certeza?

G. Hum,  hum....

S: Você fica linda fazendo “ hum hum”...

G:  E você com esses olhos enormes ficava me vigiando todo o tempo desde que apontei na margem do lago, pensa que eu não vi....

S: É que você tem um lindo caminhar...

G: Mas não pensa que esqueci, e só pra lembrá-lo você é mesmo um Sapo.

S: Bah, minha galinhinha.... vamos lá no lago pegar minhocas que dá mais certo.

 

M.A. Genebra

LAGARTIXAS. SAPOS. GATOS.

Estou aprendendo,  já tão ida nos anos, mas continuo aprendendo... Conviver e convivendo.

Comigo convivo há muito tempo e me entendo bem... nem preciso mais de botões para poder falar comigo mesma...

Minha mente mantém reservas sobre fatos e atos e luto para remexer  conceitos e preconceitos.... Nem sempre acerto ou consigo passar ilesa por toda esta miscelânea de sentimentos, mas os domino... já aprendi esta parte desumana.

Interessante o que provocamos no outro.... às vezes  uma admiração pura.... e às vezes incompreensão, desconfiança, temeridade.

Verdade que o que vemos no outro é o que nos é comum e aliado ao nosso “mundo “ interior e no anexo- exterior.

Deselegância imaginar que seremos prisioneiros do outro. Nada vale nesta ideia, especialmente se for amizade, pois que pra ser  amigo  prescindimos de engrandecimento, arrastar em si  a plenitude ainda que seja da simplicidade de ver e relacionar-se de outra forma que não a nossa velha conhecida. Como fôssemos outros, por outros  meios e formas.

Falar em amizade: custo em  aceitar amigos que querem me tomar para si... Por que? Não se bastam a si mesmos?  Será que amigos invejam? Será que amigos conhecem limites? Limites pessoais são para todos e serão amigos, aqueles que os respeitar. Não somos  de ninguém...

Aliás, nem a mim mesma me pertenço...

Mas,por outro lado ofereço sinceridade e dignidade. Isto dói às vezes a quem tenha carências de afeto, mas não vou sacrificar  a minha liberdade pessoal  ainda que  firas egos sensíveis.

Minha essência não mudará,  porque se mudar me acabará e se assim for me extinguirei... e eu não consigo acabar comigo mesma... Então continuarei a amar os sapos, os gatos, os pássaros.... e a olhar os edifícios e vidraças empoeiradas, sempre admirada,  o por do sol, o cão que vaga pela rua, os chinelos velhos, as revistas antigas, a louça trincada, a chaleira esfumaçando, o pote de café, a calçada rachada, as folhas secas, a chuva fina, o portão rangendo, a bananeira, o portão enferrujado, o carro velho, as crianças sem saber onde ir, a moça entediada, a velha feliz, o amor nascendo, o bebe rechonchudo, as roupas apertadas, o botijão de gás,  os homens de bermudão, horríveis, as noivas grávidas,  uma Ferrari que passa,  quase nave espacial,  ah, a nave espacial, e a Lua, todos sob o sol.. lá longe o mar e as gaivotas. Sim, golfinhos e baleias. E mais, formigas,  baratas, congestão, milho verde, doce, tanto... tanto....tanto mais...... Como acabar-me?

Amiga e amigo: nem tente me prender....   Sou eu, lembra-se?  E não te prendo também... porque ser humano é isto antes de mais nada? Amar a liberdade do outro e sua grandeza de ser  o que seja....

Lagartixas pra voce!

Pena que carências nos tornem vulneráveis, mas só às vezes.

Vá.

Voe com suas lagartixas pra longe.... mas, se quiser, deixe-as comigo, ficarei bem com elas...

Até breve, mas volte só se tiver vontade adulta de ir e vir.... porque adoro crianças, mas não estamos no momento de agir como tal.... já, como dito, idos na idade, agora temos que ser crianças adultas.

Vá agora.

Bah! 

M.A. Genebra

31.5.2013